O retorno

É inegável o quanto os anos passam e suas ideias se modificam. Não apenas pela eminente mudança que a maturidade te proporciona, mas também por todas as dores e conquistas que você obtém.
Antes um sujeito saindo da adolescência, passando por todas as etapas do processo de graduação, sonhando com ideologias que hoje estão perdidas e tendo a certeza que já tinha passado por muitas coisas complicadas.
Sim, até passou, mas nada como o tempo pra mostrar que assim como os anos os problemas também aumentam de proporção e responsabilidade.
E aqui estou eu, com uma casca nova, porém a mesma essência, retomando minhas aventuras e todos os momentos de vivência que este virginiano pode compartilhar. 

Em frente...

E lá vem ele de novo, aquele alarde de final de madrugada, aquela sensação de querer estar próximo, o sempre comentado frio na barriga.


Essa interatividade instantânea pode até trazer afinidades traduzidas em amizades, situações rasas traduzidas em emoções claustrofóbicas ou mesmo generalização do mesmo, porém não é isso que este jovem jornalista sente. Então apesar da distância, ou de estar mais próximo do Caribe, vamos lá novamente...

E como diria Jabour:


Ama-se pelo cheiro, pelo mistério, pela paz que o outro lhe dá, ou pelo tormento que provoca. Ama-se pelo tom de voz, pela maneira que os olhos piscam, pela fragilidade que se revela quando menos se espera.


Grande Jabour...

Papos de academia

Um pseudo esportista depois de muito relutar decidiu parar de ouvir música, escutar o que os outros alunos falavam e interagir com eles no ambiente esportivo. Após um breve desconforto relembrou o motivo que evita certas confraternizações:

- Olha o batom daquela menina, como alguém pode malhar assim;
- Não vou fazer exercícios no mesmo aparelho que aquele cara, olha quantos pêlos;
- Olha novela boa era aquela “O Rei do Gado”, a gente aprendia, agora só tem safadeza, prostituição e homossexualismo;
- Então, fulano parou de malhar aqui, pois tomou bomba e ficou com vergonha de voltar.

Entre outras muitas baboseiras decidiu voltar a rotina de U2, Marisa Monte, Maria Rita, entre outros...

Pois é...

Durante a faculdade lembro-me o quanto atualizávamos nosso blog, um comentava no do outro, discutíamos fervorosamente cada tema enquanto bebíamos uma cerveja. Bons tempos...

Hoje estamos em nossa correria cotidiana de uma vida adulta cheia de responsabilidades, uma carreira que nos suga e sem muito tempo, paciência e tesão como em outras épocas para o blog.

Ao menos tenho lido bastante, visto muitos filmes que vão desde os atuais “Cines Negro”, “O Vencedor”, “Minhas mães e meu pai”, “Bravura indômita”, “A rede social” e “Biutiful” aos clássicos de Quentin Tarantino e Pedro Almodóvar.

Fazendo uma intervenção rápida como a Natalie Portman e o Javier Bardem estão esplendidos em seus respectivos filmes, incríveis.


E “borá” viver...

O Adeus ao Belas Artes

Um morador ilustre da cidade de São Paulo está de malas prontas para partir. Apareceu por aqui em 1943, trazendo na bagagem uma nova proposta de interação com os habitantes da terra da garoa, e foi o que conseguiu até o dia de seu adeus.

Já foi chamado de “Rits”, “Trianon” até seu ultimo pseudônimo “Belas Artes”, passou por crise econômicas, ditadura, trocas de inúmeros prefeitos, governadores, presidentes, moedas, copas do mundo, olimpíadas, desigualdades, insegurança, confiança, enfim esteve presente na história da cidade paulistana.

Por ele já passaram filmes de todas as gerações e com grande impacto no mundo da sétima arte como: “Cidadão Kaine” (1940), “A Malvada” (1950) “Guerra dos Botões” (1962), “Gritos e Sussurros” (1972), “Apocalypse Now” (1979), “Vestida para matar”(1980), Os Bons Companheiros (1990), Um sonho de liberdade", (1994), "O grande Lebowski", (1998), “Cidade de Deus” (2002), entre inúmeros outros.

Freqüentado por todo tipo de público, com seções que variam de preço para atingir todas as camadas sociais. Seu grande diferencial era o “noitão”, conhecido na cidade por ser uma sessão mensal durante a madrugada em que o público assiste a três filmes na sequência.

O Cine Belas Artes foi responsável por democratização os cinema e até hoje era um dos poucos cinemas independentes de rua da cidade de São Paulo. Localizado na Esquina da Paulista e da Consolação eles foi responsável por muitas histórias, risos, cafés, iologias dessa metrópole que cada vez menos respeita a sua história. É como perder um parente querido, mas o jeito é se despedir...

A jornalista...

Uma amiga que está fazendo uma matéria sobre adoção de crianças por casais homossexuais se desespera, pois uma fonte importante de sua matéria não quer dar mais uma entrevista e ao questionar a entrevista recebe o seguinte comunicado:

- Desculpe fulana, mas minha namorada esta afim de você e não acho legal te dar entrevista. Minha parceira esta se interessando demais, não quero mais contato, por favor.

A jovem jornalista munida de um sentimento de surpresa diz:

- Eu sou hetero não tenho interesse em nada além da minha matéria.

A parceira reitera:

- Mesmo assim, acho melhor procurar outras fontes e após seu último suspiro desliga....

Pouco depois, liga e retoma ao assunto...

- Podemos dar a entrevista, mas terá que vir munida do seu namorado e em nenhum momento pode ficar sozinha com ela, ok?

Essa história me lembrou muito as de Nelson Rodrigues...

Nata carioca...

Três amigos, além de um espanhol decidem conhecer algumas quadras de samba no Rio de Janeiro e ao descer em uma estação de metrô, já sentem o clima de tensão com policias fortemente armados. Seguiram em frente á procura de um taxi sem tomar muito conhecimento dos perigos da região. A rua não tinha pedestre, além da pouca iluminação e do forte clima de tensão.

Um taxi chega e seu motorista um carioca, esperto, malandrando, sambista e jogador de futebol em clima de deboche indica a quadra da mangueira. Ao chegar ao local, o motorista desce e pede para aguardarem. Neste período se aproximam os mais diferentes tipos físicos, os amigos se emudecem e o estrangeiro não para de perguntar o que está acontecendo...

Depois de alguns minutos ao “pé do morro” o motorista volta, revela que não existe a possibilidade de samba aquele dia, mas que tinham outras escolas na região. E eles foram passando uma a uma, descobrindo histórias, redescobrindo tipos humanos, além de ver na prática a nata do samba carioca, graças ao malandro, gente boa, Roberto.